GIGANTE DE PEDRA
ó gigante que dormes ao relento,
Embalado nos braços do Cruzeiro,
Motivo de painel que esbate o vento
Com o oiro do sol e o cinza do nevoeiro :
Feliz, tudo me enleva quando atento
Em ti, que maravilhas a estrangeiro.
Não sei que de ânsias sinto em tal momento,
A que emoções o corpo tremo, inteiro.
Símbolo augusto, monumento de arte
— Tens tanta majestade e glória tanta —
Do sono pétreo — como despertar-te?
Sonho róseo que sonha a manhã clara,
Es um verso do canto que decanta
A Beleza imortal da Guanabara!
("Poeira de Estrêlas")
ALVORADA
Que de imensas alegrias,
Que de tamanhos amores
Há no alvorecer dos dias!
Nas luzes, que de harmonias,
Em tudo, que de esplendores!
Na verde e pomposa mata
Orquestras de passarinhos
Ensaiam qualquer sonata,
Ou trechos da Traviata,
Nos anfiteatros dos ninhos.
O orvalho do céu caindo,
As folhas chorando orvalho,
As flores todas se abrindo,
A Natureza sorrindo
Ao despertar do trabalho!
Manhã bem cedo, a Cidade,
No seu labor incipiente
Tem guizos de alacridade,
Ressumbra vitalidade,
Mexendo, fundo, com a gente.
A festa da Natureza
Num novo dia de lida
É de uma grande beleza.
Traz-me, entanto, esta certeza:
Que tendes, alma iludida
Mais um dia de tristezaMenos um dia de vida.
("Poeira de Estrêlas")
AVE, NATURA!
Empolga-me a beleza dos caminhos!
Se a gente olhar o céu, as ribanceiras,
Embora sob o peso das canseiras
Há de sentir-se isento dos espinhos!
Casar da melodia das cachoeiras
A música de córregos vizinhos!...
Amavios sem fim dos passarinhos
Amando na folhagem das palmeiras...
Sinfonia de extática beleza!
Que esplendores na mata, virgem, densa,
Que de seiva transborda a Natureza!
Quem me dera, Senhor! correr num leito
A devassar, altivo, a terra extensa,
Tornado rio, o corpo liquefeito!
("Poeira de Estrêlas")
SÃO JOÃO
Junho. No céu nenhum balão cintila.
A mística dos fogos é bem pouca...
Nas cousas, incontida, uma ânsia louca,
E em tudo, este silêncio que aniquila...
Quando em quando, bucólico, sibila
O foguete de um beijo em tua boca.
("Poeira de Estrêlas")
ÁRVORES
A árvore amiga é sempre mais amiga
Se no próprio quintal nasce e viceja.
Se ela viveu conosco, se ela abriga
Uma saudade, uma ilusão que seja.
Se ela, serena, assiste à insana briga
Da Natura, que os raios lhe despeja,
E em troca dá-nos frutos, por que siga
Os destinos de paz que tanto almeja.
.. .Naquele amado e místico recanto...
Sim, a felicidade ficou lá
— E aqui minha alma se desfaz em pranto!...
Foi no Belém do meu... do meu Pará
Que deixei o meu pai — herói e santo —
E a minha árvore amiga do Araçá!...
("Poeira de Estrêlas")
HINO DA JUVENTUDE BRASILEIRA
Juventude és da Pátria a esperança,
Alicerce de um grande porvir;
O teu nome nos traz à lembrança
Um destino de intenso fulgir.
Juventude és o canto de glória
Que o Brasil tem no seu coração.
És a Fé, — certidão da vitória,
És a Luz de uma grande Nação.
Juventude Brasileira
És, da Pátria, o céu de anil.
Avante! Sempre altaneira
Juventude do Brasil.
Educada no amor da verdade,
No regime da crença e da paz,
Geração que traduz mocidade
E presente o futuro nos faz:
Tens, de tudo a energia moldada
No dever, nas ações varonis.
Juventude, ao trabalho votada,
És a corda vital do país.
Juventude Brasileira
És, da Pátria, o céu de anil.
Avante! Sempre altaneira
Juventude do Brasil.
("Poeira de Estrêlas")
Mais poemas de EDGAR REZENDE enviados por Salomão Sousa:
ÊXTASE
Se eu pudesse falar, eu te diria
entre outras coisas, que te adoro tanto,
que são teus olhos todo o meu encanto,
a beleza, o clarão do próprio dia;
que és no meu céu a nuvem de alegria
a força animadora do meu canto,
a luz que as minhas noites alumia,
o lenço que me enxuga o eterno pranto!
Se eu pudesse falar (vencido o medo
e, certo, nos teus olhos de veludo
lendo que para tal não era cedo)
muito mais te diria, talvez tudo:
- se não me transformasse num rochedo,
- se te fitando eu não ficasse mudo...
ÁRVORES
A árvore amiga é sempre mais amiga
Se no próprio quintal nasce e viceja.
Se ela viveu conosco, se ela abriga
Uma saudade, uma ilusão que seja.
Se ela, serena, assiste à insana briga
Da Natura, que os raios lhe despeja,
E em troca dá-nos frutos, por que siga
Os destinos de paz que tanto almeja. ...
Naquele amado e místico recanto...
Sim, a felicidade ficou lá –
E aqui a minha alma se desfaz em pranto!...
Foi em Belém do meu... do meu Pará
Que deixei o meu pai – herói e santo –
E a minha árvore amiga do Araçá!...
Amo!
Edgard Rezende
Amo!
Aflito,
A esse grito
Todo me inflamo!
Amo a natureza,
O Canto, a Liberdade,
Essa expressão de Tristeza
Que existe no termo - Saudade.
Amo o Puro, o Singelo, a Beleza
Que há nas Coisas e delas se irradia;
A Dor, essa Dor que é Poesia e é Lamento,
Tudo mais que a Razão traz ao Conhecimento;
A Luz, a Alacridade, a Lágrima que é Poesia...
A Jesus, que sofreu pelos Homens na Terra,
A Voz que é Pureza, e Bondade, e Ternura,
A profunda Lição que a Cruz encerra!
Toda Fonte, que mata a secura...
Amo a Atitude delicada,
A Verdade esclarecida,
O raiar da Alvorada,
O Ocaso da vida...
Amo, repito,
Teimo, exclamo
E grito:
- Amo!
"Poeira de Estrelas"
Página publicada em dezembro de 2019